sábado, 22 de abril de 2023

Projeto Muriu,RN

Concurso na praia de Muriu,Natal









An extraordinary place, where an extraordinary strip of sand dunes and lagoons, a haven of incomparable environmental beauty, plunges into the ocean at the eastern tip of Brazil, 50 kilometres north of Natal: this is Praia de Muriú, the area involved in the competition organised by the Vignola company.
An invitational competition to design a preliminary master plan with guidelines for environmental insertion, designed for the construction of a tourist complex of the highest standard along the coasts of the state of Rio Grande do Norte, Brazil.
The competition’s main aim is to devise a tourist, hotel and realestate complex based on the innovative concept of leisure and coexistence with nature and the most modern design concept in the fields of tourism, leisure and recreation at the seaside.
This is a brave project, almost a turning point on the tourist scene, an industry which usually works along the most conventional lines, somewhere between the indistinct and globalised.
We have all experienced that gentle sense of unfamiliarity in those holiday villages scattered all over the planet: after arriving and enjoying a welcome cocktail on offer at the outdoor bar, it is hard to tell whether you are in Djerba or Santa Domingo. This is no standard project, dictated solely by business and image, it is a targeted consultation programme by leading architects seeking to create a fresh scenario for well-being and leisure.
To help shape the coastline here, carefully gauged and competent design teams were pre-selected from various American cultural backgrounds, in order to come up with solutions providing new settings and the request for new forms of more demanding and sophisticated tourism, not just aimed at international travellers but also the Brazilian home market which is booming at the moment.
The four teams selected carefully interpreted the distinctive features of the location in terms of the environmental and local identity, interpreting it based on their own personal design approaches, quite different from each other.
De Yturbe/EDSA’s project came up with a very original rendition of themes and styles which have made modern Mexican architectural design so important, the reference to Barragan goes without saying. De Yturbe’s expertise is instantly recognisable in the design of the accommodation facilities, layout of forms, planes and surfaces, the clever use of colour and careful mix of local materials, not to mention the almost poetic artistry with which the spaces and premises have been set out.
Ruy Othake has handled the issue of the landscape and architecture along exquisitely modern Brazilian architectural lines, in which we can recognise very original renderings of Niemeyer’s forms and Burle Marx’s organic paths. A large tree-lined axis provides an inorganic backbone, almost like the lymphatic structure of a leaf, for the various parts of the project, which, in turn, are set out fluidly and smoothly.
Oficina de Arquitetos has designed a complex project emanating a desire to create an authentic stratified and articulated functional mix of great complexity, drawing on the use of diagrams of the flows and aggregations, showing a very modern-day approach which, in some sense, is close to the very latest trends in western architecture, particularly those in northern Europe.
Bearing in mind the team’s greater geographical and cultural distance, Overland and partners architectural forms and idioms rely more heavily on popular trends and tendencies, mixing certain vernacular elements with features drawn from communal life. The team has shown great skill in assessing just how much importance to assign to the landscaping of the accommodation facilities and golf course, which weave together to create carefully gauged interaction between the sea and sand dunes.
Part of the beach has been set aside for a golf course majestically designed by Jack Nicklaus. Another point in Overland’s favour was the way the team has worked on the detailed master plan to set out exactly how these new forms of tourism and well-being referred to in the tender were to be put to use.
In the end, the jury opted for this latter design, due to its ability to meet all the requirements in full, in terms of the environment, landscape, quality of life and safety, also emphasising that it would be highly advisable to draw on some of the wonderful architectural features in the other entrants’ projects.


Ruy Ohtake Arquitetura e Urbanismo
Ruy Othake propone una consuetudine al trattamento del tema del paesaggio e dell’architettura squisitamente del moderno brasiliano, dove sono leggibili, ma puntualmente reinterpretate in maniera originale, forme di Niemeyer e tracciati organici di Burle Marx.
Un grande asse viario alberato innerva in maniera organica, quasi come la struttura linfatica di una foglia le parti dell’intervento, a loro volta disposte secondo orientamenti fluidi e armonici.
Ruy Othake has handled the issue of the landscape and architecture along exquisitely modern Brazilian architectural lines, in which we can recognise very original renderings of Niemeyer’s forms and Burle Marx’s organic paths.
A large tree-lined axis provides an inorganic backbone, almost like the lymphatic structure of a leaf, for the various parts of the project, which, in turn, are set out fluidly and smoothly.
Team Leader:
Ruy Ohtake Arquitetura e Urbanismo
Assistants:
Marcia Umeoka, Carla Stella Bisquolo
Collaborators:
Michail Lieders, Carlos Roberto de Azevedo
Drawings:
Carolina Scalabrin, Décio Pereira, Rene Misumi, Viviani Pedroni, Giseli Marquezin, Rafael Forshaid, Adriano Batista dos Santos
Images:
Rafael Otsuka, Leonardo Gomes
Illustrations:
Vallandro Keating
Landscaping:
Burle Marx & Cia Ltda.:Haruyoshi Ono (Principal); Collaborators: Isabela de Carvalho Ono, Gustavo Leivas da Costa Araujo, Julio de Carvalho Ono, Priscilla Alves Peixoto; Vegetation Specialist: Maria de Fátima Agra
Golf:
Luiz Pereira Barretto Arquitetura e Construção: Luiz Pereira Barretto (Principal); Collaborators: Cezar Bavaresco, Maristela Kunh Structure: Cesar Pereira Lopes
Structure on Dunes:
Dacio Carvalho
Infrastructures:
MHA Engenharia
Foundations: Portella Alarcon
Flooring on Dunes:
ABCP Associazione Brasiliana de Cimento Portland, Paulo Sergio Grossi
Hydrology:
Engecorps
Traffic and Transports System:
Sérgio Sola
Kitchens:
Hélio Peixoto Spa: Paul Hilton
Marina:
Gilson Ramos
Tennis:
Fernando Meligeni
Hotels:
Nick Eastwick
Wood and Local Materials Technology:
Hélio Olga
Sustainability:
Salim Lamha Neto




Artigo publicado na revista Arca
por Matteo Gatto




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quarta-feira, 11 de setembro de 2019

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Algo de Novo no Ar



Algo de novo no ar

Nizan Guanaes

Ha algo novo no céu da Califórnia. E não é apenas o cheiro da maconha legalizada. Tampouco o peso inquestionável da tecnologia. A revolução é na forma de pensar, multiplicada por mil pela tecnologia.

A tecnologia hoje é barata e acessível. Por que tantas organizações e indivíduos vão ficar para trás? Mindset, como bem mostra Carol Dweck no seu livro "Mindset, A Nova Psicologia do Sucesso", recomendado por Bill Gates no seu Gates Notes.

Passei a semana passada na Califórnia, e nesta década de sete dias me informei de maneira exponencial. Fui ao Singularity e depois a evento sobre o futuro em Stanford. Ambas as programações começavam às 7h da manhã e iam até a noite. Chego ao aeroporto de Los Angeles exausto e pleno.

Nunca na história da humanidade houve tanto avanço. E isso não é estória com E, é história com H. As pessoas das futuras gerações viverão muito mais que 120 anos, o ser humano chegará a outros planetas, órgãos humanos serão substituídos por novos modelos, carros serão autônomos, robôs brotarão por toda parte criando coisas incríveis e problemas inomináveis.

Vou com fé em Deus voltar no ano que vem para estudar inteligência artificial, realidade virtual, dados e mineração de dados -aprofundar num programa mais extenso o que vi comprimido numa semana. Vou estudar o incompreensível, pois, como diz Alexandre Mandic, se você está entendendo, é porque não está prestando atenção.

As pessoas esperam que o futuro chegue penteado e arrumadinho. O futuro vai chegar pelos fundos, sem modos e bem petulante. O futuro é desconcertante. Quem esperaria o general Villas Bôas, um herói do Brasil, de dedicação absoluta à nação, defender o uso medicinal do canabidiol?

Isto é o futuro. E ele não dá trégua a nenhum setor. Os dinossauros serão soterrados se resistirem e não se transformarem.

Eu decidi não ter medo do futuro. Ele nos traz muita ansiedade. Mas, se você usar o "design thinking" para resetar o seu negócio e a sua vida, esse futuro é uma espetacular oportunidade, como mostram unicórnios brasileiros que começam a despontar nas asas de empreendedores geniais e investidores angelicais.

Não estamos falando de tecnologia, mas de como pensar sem custos, sem tanta hierarquia, sem perda de tempo, fazendo e aprendendo e consertando pelo caminho, desafiando de peito aberto o sistema, o protocolo, a regulamentação.

Num país como o Brasil, onde o SUS não dá conta da própria demanda, onde pacientes enfrentam filas por até um ano para receber atendimento, tem sentido não permitir a telemedicina? É por aí que o futuro virá, por debaixo da porta, pela fresta da luz, para atender a uma demanda não atendida e resolver um problema insolúvel com uma solução que será óbvia depois de pronta.

Tô exausto, futuro. Acordo às 5h da manhã para estar em forma e correr atrás de você. E só com o app Blinkist (que resume os livros do momento) consigo ler tudo o que tem que ler, sem falar em tudo de série que tem que ver, de fazer ginástica com Peloton, usar Allbirds, ver o TED de Vancouver e depois fazer Mindfulness para se desconectar de tudo isso!

A tradição do mundo é mudar. Cabe a nós decidir se queremos nascer ou morrer com ele. E, se o futuro é tech, a grande plataforma é a plataforma mental: a atitude.

Nesse evento de conhecimento em Stanford, meu colega de classe era o Bill Gates. E ele tomava nota de tudo no seu caderninho. Atitude, esse é o melhor software, mostra o rei do software. Portanto, pare de ficar com medo, respire fundo e siga em frente porque há algo de novo no ar.


sábado, 24 de março de 2018

Casa EM ,haras Larissa,Casa Vogue,jan 2017


Neste projeto no interior de São Paulo, o mood tropical ganha curvas para se integrar à log house e intensificar a presença da natureza

FOTOS RENATO ELKISCompa
cv377 anuario gilberto elkis a (Foto: Renato Elkis/divulgação)
Um pedaço de terra abençoado por Deus e bonito por natureza. Para frasear Jorge Ben Jor é quase natural ao definirmos este jardim de 2.900 m² em Monte Mor, no interior de São Paulo, mas não há como negar que o projeto do paisagista Gilberto Elkis deu uma contribuição e tanto para esta casa assinada pelo arquiteto Luiz Pereira Barretto.
cv377 anuario gilberto elkis a (Foto: Renato Elkis/divulgação)
O destaque são as linhas orgânicas da piscina, que se adaptam naturalmente ao entorno e continuam nas curvas do caminho de pedras Goiás, rodeado por capim-do-texas-rubro, clúsia, jasmim-manga, palmeiras-princesa e árvores frutíferas.


cv377 anuario gilberto elkis a (Foto: Renato Elkis/divulgação)
Além, é claro, de conversar com a log house, casa de estilo americano feita de troncos de eucalipto. “Um jardim tropical, o mais próximo da natureza”, define o paisagista. E, acima de tudo, prático, pois não exige muitas podas. Aqui, a natureza é soberana.
cv377 anuario gilberto elkis a (Foto: Renato Elkis/divulgação)
Um jardim tropical, o mais próximo da natureza"
GILBERTO ELKIS
cv377 anuario gilberto elkis a (Foto: Renato Elkis/divulgação)

 
Parceiros de Gilberto Elkis: móveis para áreas externas CASUAL EXTERIORES, MAC, TIDELLI e WOODS; lareiras CONSTRUFLAMA; revestimentos DALLE PIAGGE LADRILHOS HIDRÁULICOS, MARGRAPE COMÉRCIO DE PEDRAS, PAGLIOTTO PEDRAS DE CANTARIA, PALIMANAN e HYDROTECH | DIVISÃO MADEIRAS; paisagismo JARDÍ
ORNAMENTOS; jardim vertical e sistema de irrigação VERDE UVA PAISAGISMO E MANUTENÇÃO; sistema de Iluminação LIGHT IN GARDEN; e usina de preservação de madeira UPM CAPITAL

  
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sexta-feira, 4 de maio de 2012

Conselhos do Nizan

Caminhe sempre com um saco de interrogações numa mão e caixa de possibilidades na outra. "Dizem que conselho só se dá a quem pede. E, se vocês me convidaram para paraninfo, estou tentado a acreditar que tenho sua licença para dar alguns. Portanto, apesar da minha pouca autoridade para dar conselhos a quem quer que seja, aqui vão alguns, que julgo valiosos. Não paute sua vida, nem sua carreira, pelo dinheiro. Ame seu ofício com todo o coração. Persiga fazer o melhor. Seja fascinado pelo realizar, que o dinheiro virá como conseqüência. Quem pensa só em dinheiro não consegue sequer ser um grande bandido, nem um grande canalha. Napoleão não invadiu a Europa por dinheiro. Hitler não matou 6 milhões de judeus por dinheiro. Michelangelo não passou 16 anos pintando a Capela Sistina por dinheiro. E, geralmente, os que só pensam nele não o ganham porque são incapazes de sonhar. E tudo que fica pronto na vida foi construído antes, na alma. A propósito disso, lembro-me de uma passagem extraordinária, que descreve o diálogo entre uma freira americana cuidando de leprosos no Pacífico e um milionário texano. O milionário, vendo-a tratar daqueles leprosos, disse: - Freira, eu não faria isso por dinheiro nenhum no mundo. E ela responde: - Eu também não, meu filho. Não estou fazendo com isso nenhuma apologia à pobreza, muito pelo contrário. Digo apenas que pensar em realizar tem trazido mais fortuna do que pensar em fortuna. Meu segundo conselho: pense no seu País. Porque, principalmente hoje,pensar em todos é a melhor maneira de pensar em si. Afinal é difícil viver numa nação onde a maioria morre de fome e a minoria morre de medo. O caos político gera uma queda de padrão de vida generalizada. Os pobres vivem como bichos, e uma elite brega, sem cultura e sem refinamento, não chega a viver como homens. Roubam, mas vivem uma vida digna de Odorico Paraguassu. Que era ficção, mas hoje é realidade, na pessoa de Geraldo Bulhões, Denilma e Rosângela, sua concubina. Meu terceiro conselho vem diretamente da Bíblia: seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito. É exatamente isso que está escrito na carta de Laudiceia: seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito. É preferível o erro à omissão. O fracasso, ao tédio. O escândalo, ao vazio. Porque já vi grandes livros e filmes sobre a tristeza, a tragédia, o fracasso. Mas ninguém narra o ócio, a acomodação, o não fazer, o remanso. Colabore com seu biógrafo. Faça, erre, tente, falhe, lute. Mas, por favor, não jogue fora, se acomodando, a extraordinária oportunidade de ter vivido. Tendo consciência de que, cada homem foi feito para fazer história. Que todo homem é um milagre e traz em si uma revolução. Que é mais do que sexo ou dinheiro. Você foi criado, para construir pirâmides e versos, descobrir continentes e mundos, e caminhar sempre, com um saco de interrogações na mão e uma caixa de possibilidades na outra. Não use Rider, não dê férias a seus pés. Não se sente e passe a ser analista da vida alheia, espectador do mundo, comentarista do cotidiano, dessas pessoas que vivem a dizer: "eu não disse!";, "eu sabia!" Toda família tem um tio batalhador e bem de vida. E, durante o almoço de domingo, tem que agüentar aquele outro tio muito inteligente e fracassado contar tudo que ele faria, se fizesse alguma coisa. Chega dos poetas não publicados! Empresários de mesa de bar. Pessoas que fazem coisas fantásticas toda sexta de noite, todo sábado e domingo, mas que na segunda não sabem concretizar o que falam. Porque não sabem ansiar, não sabem perder a pose, porque não sabem recomeçar. Porque não sabem trabalhar. Eu digo: trabalhem, trabalhem, trabalhem. De 8 às 12, de 12 às 8 e mais se for preciso. Trabalho não mata. Ocupa o tempo. Evita o ócio, que é a morada do demônio, e constrói prodígios. O Brasil, este país de malandros e espertos, dá vantagem em tudo, tem muito que aprender com aqueles trouxas dos japoneses. Porque aqueles trouxas japoneses que trabalham de sol a sol construíram, em menos de 50 anos, a 2ª maior megapotência do planeta. Enquanto nós, os espertos, construímos uma das maiores impotências do trabalho. Trabalhe! Muitos de seus colegas dirão que você está perdendo sua vida, porque você vai trabalhar enquanto eles veraneiam. Porque você vai trabalhar, enquanto eles vão ao mesmo bar da semana anterior, conversar as mesmas conversas, mas o tempo, que é mesmo o senhor da razão, vai bendizer o fruto do seu esforço, e só o trabalho lhe leva a conhecer pessoas e mundos que os acomodados não conhecerão. E isso se chama sucesso." Seja sempre você mesmo, mas não seja sempre o mesmo. Nizan Guanaes

domingo, 23 de outubro de 2011

Entrevista Private Brokers,Coelho da Fonseca



CAFÉ DUPLO
ENTRE ESPRESSOS E MACHIATTOS, O PAISAGISTA BENEDITO ABBUD E O ARQUITETO LUIZ PEREIRA BARRETO CONVERSAM SOBRE PROJETOS DE VIDA, CIDADES IDEAIS E A PARCERIA NO MAIS
NOVO PROJETO IMOBILIÁRIO DE LUXO DE SÃO PAULO, O VILLA TRUMP

por HERMÉS GALVÃO
fotos RUI MENDES

Antes do encontro, uma série de desencontros. Reunir o arquiteto Luiz Pe­reira Barreto e o paisagista Benedito Abbud na mesma hora e no mesmo local era missão quase impossível para o mês de janeiro. O motivo era tão simples quanto complexo. É que ambos estavam mergulhados nas obras do condomínio residencial de luxo Villa Trump, que começa a mudar os ares de Ita­tiba, a uma hora de São Paulo.
Com a grife que identifica alguns dos mais sofisticados empreendimentos imobi­liários do mundo, todos com dedo e sobrenome do investidor norte-americano Donald Trump, o projeto traz Barreto como o responsável pela consultoria e pelo gerenciamento da construção do campo de golfe e do programa do club house. O convite não veio por acaso: golfista há 20 anos, o arquiteto tem dedicado metade de seu tempo a projetos exclusivos para o esporte. Nesses gramados, seu fairway curricular inclui, entre outros, o projeto do campo e do Clube de Golfe da Quinta da Baroneza, a nossa Bel Air. Em perímetro urbano, ocupando a ou­tra metade de seu tempo, há dez anos Barreto é um dos diretores do Museu de Arte de São Paulo, o Masp.
Abbud, por sua vez, assina o paisagismo daquele que promete ser o novo endereço fixo dos magnatas de São Paulo. Benê, como é carinhosamente conhecido, já fez mais de
3 mil jardins, no Brasil e em países como Angola, Argentina e Uruguai. Um currículo que vai de residências particulares a empreendimentos corporativos e comerciais, hotéis e flats com gramados tão verdes quanto os campos imaginados por Barreto. Numa manhã dosada por espressos duplos e ma­chiattos triplos, a dupla Trump conversou com a Private Brokers ao som de Frank Sinatra. Em volume ambiente no bate-papo que segue, “Lady is a Tramp”.

PRIVATE BROKERS - Pela localização, pelo estilo e pelo contexto, vocês acham que a Villa Trump faz parte de um processo em que mais e mais pessoas procuram ­morar fora da cidade em nome de uma qualidade de vida?
BENEDITO ABBUD Não vejo assim. Acho que a Villa Trump será uma segunda casa para as pessoas. Tem um conceito de resort, um lugar onde você tem toda a infraestrutura para não precisar fazer da sua casa um clube e nem se fechar dentro dela.
LUIZ PEREIRA BARRETO E teremos o melhor clube de golfe do Brasil. É a grande âncora deste empreendimento, o maior diferencial. Mas também acho que será um lugar de morar adequado às novas exigências da vida moderna. A tendência é ver cada vez mais pessoas vivendo nos arredores de São Paulo, gente que busca um lugar mais tranqüilo, mais gostoso, menos complicado e mais seguro.

Será mais um condomínio fechado e a céu aberto, em suma.
ABBUD Sim, mas aqui no Brasil, por um problema cultural, mesmo com um condomínio tendo todos os serviços comunitários, as pessoas preferem fazer a própria quadra de tênis em seus terrenos, o próprio spa, a própria piscina. Nos Estados Unidos, isso é bem diferente.

O brasileiro é mais exclusivista, então?
ABBUDAcho que as coisas estão começando a mudar. O que se verificou é que, hoje em dia, ter, por exemplo, uma casa de 2 mil metros quadrados para passar o fim de semana gera um problema muito grande de manutenção. Buscase, portanto, uma nova maneira para a pessoa que gosta de viajar, que gosta de uma vida mais ágil e que não gosta de ficar cuidando de um monte de coisas.
BARRETO Você acaba perdendo o fim de semana resolvendo problemas da casa, não aproveita nada e ainda volta mais estressado para a cidade. Não é só uma questão de dinheiro, é uma questão de qualidade. É muito chato ficar consertando coisas, resolvendo problemas.

A qualidade de vida do brasileiro mudou para melhor?
ABBUD Sinto que todos querem viver mais e melhor. Como se faz isso? Exercício, ca­minhadas, tendo uma vida menos estressante. Acho que realmente estão tendo uma nova visão de como viver, de como levar as coisas, fazer com que o lazer esteja impregnado dentro do trabalho. Hoje em dia, com laptop, você vai ao jardim, de bermuda, senta ao lado da piscina e se conecta ao mundo. O escritório agora é portátil.

Mas a tecnologia não brinca em serviço, não? Com perdão do clichê, ela não está a serviço do homem?
BARRETO Há alguns anos, quando não havia fax, nem celular, nem computador, nem nada, um cara entrava no seu escritório para pedir um projeto e você falava: “Daqui a 20 dias te mando o esboço”. E todo mundo esperava. Ou seja, a gente vivia em outro ritmo. Aí veio a tecnologia e pensamos que ia sobrar mais tempo. Mas aconteceu o contrário: o cara quer tudo em dois dias! E ninguém tem tempo para nada. Trabalho três vezes mais do que antes. Com toda a tecnologia, o cara acha você sempre no celular. Antigamente, o cara desenhava em uma prancheta de desenho, com nanquim, havia um ritmo diferente que estamos perdendo.
ABBUDTenho visto muitos clientes que buscam trabalhar de uma forma muito mais solta, integrada à natureza, participando menos de reuniões formais. Nesse caso, a tecnologia ajuda. Hoje, com a internet, você pode muito bem morar em Itatiba, ter um escritório e fazer videoconferência.

A tecnologia mudou o estilo de trabalhar ou o estilo de pensar de vocês?
BARRETO O que acontece é que a tecnologia pasteurizou tudo. Existe um programa para fazer um tal projeto que o outro também tem, por exemplo. Fica tudo meio parecido. E como se destacar, nesse caso? Pelo desenho. E isso não mudou. Não adianta fax, celular ou computador. São apenas instrumentos que possibilitam resultados mais rápidos e precisos. Mas a concepção continua sendo resultado do talento e esforço intelectual de cada um.
ABBUD No meu caso, esses novos meios de comunicação vieram facilitar um trabalho em nível nacional. Antigamente, antes do fax, eu tinha seis escritórios espalhados pelo Brasil. Agora, com apenas um escritório consigo trabalhar para o país inteiro de uma forma mais simples.

Nenhuma outra cidade do Brasil tem tantos arquitetos como São Paulo. O que vocês acham da nova arquitetura brasileira? O que vocês acham das obras que têm aparecido? Elas têm contribuído para a organização da cidade ou vocês também acham que São Paulo precisa de mais espaço verde que torres de blindex?
BARRETO São Paulo tem obras de ótima qualidade e escritórios de arquitetura de padrão internacional. A Vila Olímpia está repleta de prédios novos e modernos. O Instituto Britânico, em Pinheiros, também é um prédio fantástico. A sede do Citibank, na avenida Paulista, é um prédio lindo.

Alguma identidade brasileira nesses prédios?
ABBUD Acho que tem. Os brasileiros estão se preocupando muito com a questão da luz, da tecnologia que se adapte à realidade.
BARRETO É muito difícil ver algo que seja bem brasileiro. Hoje, há toda uma divulgação cultural e uma globalização muito fortes. Não acho que os arquitetos pensem em fazer uma arquitetura brasileira. O negócio é buscar a qualidade.

Vocês não acham que os arquitetos brasileiros estão mais preocupados em deixar um marco em São Paulo do que apresentar um projeto que alivie nosso skyline?
ABBUD Existe uma preocupação com a área externa. Dos prédios culturais aos edifícios de grandes escritórios, há uma busca não apenas pela opulência, que é importante, mas também pelo bem-estar de quem trabalha ali, com uma área verde onde todos possam passear, almoçar. A natureza, enfim, interagindo com a arquitetura. Já faz algum tempo que a nova arquitetura calcula seus projetos de modo que não sombreie os vizinhos, além de programar economia de energia, de água e tudo aquilo chamado ecologicamente correto.

Mas isso não acontece em São Paulo. A cidade não te permite andar nas ruas, passear e sentar num parque com o laptop no colo. Você pode até ter um laptop, mas cadê o parque?
ABBUD É verdade. Não se flana em São Paulo. Mas não só por uma questão de paisagem. É um problema de segurança.
BARRETO Existe um movimento chamado Novo Urbanismo, que defende a volta às raízes. É aquela velha história de a pessoa morar perto do trabalho, ir a pé até o supermercado, tomar um café. Eu próprio levo essa vida, moro e faço quase tudo a pé, nos Jardins. Mas São Paulo resiste em fazer isso. Vamos pegar um exemplo prático: no conjunto da Caixa Econômica Federal, localizado na avenida Paulista, tem um restaurante, o Spot, e uma praça enorme, uma área de respiro. A legislação, em vez de obrigar a fazer isso em outros lugares, deixa que a especulação imobiliária passe por cima. Outro exemplo é o Memorial [da América Latina, projeto de Oscar Niemeyer]. Aquilo não seria feito hoje porque a Barra Funda está na moda. O que precisa mudar não é o contexto, mas a legislação. As pessoas têm de começar a discutir.
ABBUD A vegetação tem um papel fundamental na cidade. Um de seus papéis é esse, de resolver a questão visual. São Paulo tem uma paisagem muito descontínua, prédios altos, baixos, prédios antigos, novos. É uma cidade que se reconstrói o tempo todo e que, por isso, teve sua topografia alterada. Acho que a vegetação poderia ser um elemento fundamental para uma harmonização.

Reflorestar a selva de pedra é a salvação da lavoura?
ABBUD Sim, com harmonia. A vegetação deixaria os prédios em segundo plano. Poderíamos reestruturar a paisagem de São Paulo com árvores que também teriam a função de melhorar a condição climática. Acho que falta boa vontade para isso. Porque é um projeto barato.

São Paulo também tem o hábito de transferir seus centros financeiros e abandonar os antigos. Foi o que aconteceu na avenida São João e que pode acontecer nas avenidas Paulista e Berrini.
BARRETO É, falta planejamento. Políticos fazem projetos para durar o tempo de seus governos. Cinco anos na vida da gente é muita coisa, mas na vida de uma cidade não é nada. Ninguém faz planos para 30 anos. O centro da cidade, em qualquer parte do mundo, é o lugar mais valorizado que existe. Aqui não, aqui os centros financeiros vão mudando. Vão para o centro, vão para a Paulista, para a Faria Lima...

Como tribos nômades da África.
BARRETO É. Foram para a avenida Berrini e deterioraram a Berrini. Agora vão para a Vila Olímpia e também querem voltar a restaurar o centro, que é uma maravilha. Mas por que deixar deteriorar? O problema é este: falta de planejamento.
ABBUD Existem medidas pontuais que acho interessantes. Em algumas cidades do Nordeste só se pode construir abaixo da maior palmeira do local. Isso é uma forma de preservar não só as palmeiras, mas também de manter uma linha de raciocínio. Quanto mais velhas, mais altas. E assim pode-se construir prédios maiores.

Voltando a São Paulo: o parque Trianon tem uma área verde raríssima em São Paulo e quase ninguém anda por lá.
BARRETO Parece que o parque tem vários tipos de uso nas várias horas do dia. O grande problema do Trianon é a falta de segurança. Precisaria ter uma polícia mais ostensiva porque o parque é muito fechado. Lá dentro tem obras de [Victor] Brecheret. É um lugar que poderia ser perfeito para almoçar e passear. Os hotéis da avenida Paulista estavam tentando revitalizar o parque, dar uma melhoria nas condições de uso, para tirar esse estigma de que o Trianon só tem prostituta.
ABBUD São poucas as cidades que têm um parque com aquela densidade. Realmente precisa ter melhores condições de uso.

Se fossem convidados pela prefeitura, quais planos vocês teriam para atrair de novo o público para as ruas?
ABBUD Um plano de arborização poderia deixar a cidade muito mais gostosa, com florações em determinadas épocas, plantas, árvores com folhas que caem no outono. Seria possível mudar a cara de São Paulo.
BARRETO Poderia ser tudo aberto se houvesse uma segurança mais efetiva. Os condomínios estão cada vez mais fechados e as ruas são terra de ninguém, uma área indesejável por falta de segurança. Essa questão virou um grande problema psicológico, um trauma. Cada vez mais os condomínios estão crescendo e, quanto mais crescem, mais muros são feitos. É um círculo vicioso.